A cidade de Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano, é o destino de nossa aventura. Situada a pouco mais de 200 quilômetros da capital, ela se destaca pelo conjunto de suas formações rochosas que inspira escaladores e por reunir algumas boas trilhas para os praticantes de trekking.
Estando na cidade, saindo da PE-145 seguimos em direção a estrada de terra conhecida como caminho do Sítio Amaro, que nos leva até os pés da Serra do Ponto, um majestoso maciço de rochas graníticas com quase 1.200 metros de altitude onde tem início nossa trilha. São apenas 1,6 quilômetros em terreno plano e empoeirado, que serve como aquecimento para tudo que vamos experimentar dali pra frente.

A Trilha da Garganta da Serra é considerada de nível difícil. Nossa aventura consiste em vencer os quase 600 metros de desnível entre a base e o topo da serra, transpondo os obstáculos distribuídos em nada menos que 4,5 quilômetros. Pode parecer fácil, mas não é bem assim. Nas vezes em que estivemos conduzindo grupos nessa trilha, um fato curioso se repetiu: a ocorrência de câimbras nas pernas de alguns aventureiros. Esse fato aponta a fadiga muscular que os membros inferiores têm que suportar durante a experiência.
O caminho enfrentado pelos aventureiros é quase todo feito dentro de uma porção de mata não muito espessa. Essa vegetação ajuda bastante na proteção dos raios do sol. Já o solo, é notadamente acidentado, composto por enormes blocos de pedras, raízes e troncos de árvores, que servem de ancoragem ou corrimão durante a subida. Esse cenário dá singularidade à travessia. A prática da “escalaminhada” é uma constante para avançar pelo percurso: os braços, e não somente as pernas, serão cobrados exaustivamente.

Um quesito que devemos considerar nessa experiência são os riscos enfrentados. Com tantas subidas e descidas, estaremos expostos a maior probabilidade de incidentes. E, para dar mais tranquilidade, utilizamos em alguns momentos cordas, estribos e mosquetões, visando maior segurança dos participantes. Todo cuidado é pouco e a atenção deve ser um elemento que não deve ser negligenciado durante a trilha já que um socorro num local como esse seria bem dificultoso. É por essa razão que não é recomendado fazer esse percurso em períodos chuvosos ou noturnos já que os perigos operacionais são potencializados.
O tempo para finalizar a aventura é relativo. Depende da quantidade de membros da equipe e do condicionamento de cada um. Naturalmente, grupos mais experientes acabam sendo mais rápidos, mas a média é que se conclua os quase cinco quilômetros de subidas em pouco mais de quatro horas, alcançando o Mirante da Garganta e seus 1.140 metros acima do nível do mar. De lá, é possível assistir ao pôr do sol por um ângulo indescritível.

Finalizando a experiência, precisamos fazer uso de lanternas para o retorno, que tem 4,7 quilômetros e se dá por uma trilha de nível fácil e seguro. Boa parte da descida se faz em “fila indiana” até chegar ao ponto de resgate onde um veículo 4×4 nos espera. No total, percorremos pouco mais de 11 quilômetros, com a certeza de termos vivido uma aventura encantadora, marcante e que deixa qualquer aventureiro cheio de orgulho.